Nem toda paciente oncológica gosta do Outubro Rosa — e eu entendo, mas vou explicar.
- Paula Dultra
- 18 de out.
- 2 min de leitura
Outubro Rosa nem sempre é sinônimo de acolhimento, pode ser gatilho.
Pra muita gente que já passou por um câncer de mama, esse mês pode trazer lembranças que doem.
E tudo bem. Nem todo mundo quer — ou precisa — falar sobre isso.
É um direito pessoal não querer reviver esse capítulo da vida, seja por traumas, cicatrizes, ou simplesmente por querer seguir em frente.
O que o Outubro Rosa representa pra mim
Apesar disso, acredito que o Outubro Rosa é uma data de visibilidade.
Sim, o ideal seria que esse debate existisse o ano todo.
Mas é nesse mês que o mundo volta os olhos pra nossa causa.
É quando a voz dos pacientes ganha espaço.
É quando a mídia se interessa, quando surgem campanhas, eventos, matérias e o assunto chega a mais pessoas.
Informação salva vidas
Existem outros tipos de câncer que também precisam de visibilidade, claro.
Mas o câncer de mama ainda é o que mais mata mulheres no Brasil e no mundo.
E essa exposição faz diferença: ajuda a informação a chegar a quem não tem acesso, a quem ainda acredita que “isso não acontece comigo”.
Já ouvi relatos de mulheres que nunca haviam se tocado, ou que achavam que o câncer de mama era “coisa de mulher mais velha”.
Muitas nem imaginavam que poderiam estar em risco.
E é aí que a conscientização faz sentido, quando desperta quem ainda não sabe.
Pensar além de si
Depois de quase 15 anos como paciente oncológica, aprendi que o câncer ensina, antes de tudo, a pensar no outro.
Não é porque eu tenho plano de saúde que vou ignorar quem depende do SUS.
Essa luta é coletiva, e cada voz conta.
Então, se o rosa te incomoda, tudo bem.
Mas não desfaça.
Não ironize.
Não diminua.
Pra muita gente, essa cor é um grito de esperança e de sobrevivência.
E se tem algo que o Outubro Rosa deveria nos lembrar, é isso:
a importância de olhar além de si.
Paula Dultra










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